#1 Desabafo (csm)

 Tudo não passa apenas de uma recente memória, de um período a qual eu não gostava de ter deixado para trás. E a pensar que eu tanto desejei livrar-me logo daquilo tudo num instante, na inocente ideia de tentar ser feliz com outra pessoa. Parvoíce. Se eu pudesse ao menos, viver cada segundo novamente.. Hoje, só resta-me lamentar, e olhar para trás, numa tentativa frustrada de sentir ao menos uma pequena parte de todo aquele sentimento incrível que nos rondava o tempo todo, e que insistíamos em não ver, ou pelo menos eu. É triste, amargurante e frustrante ao mesmo tempo. Mas, a vida é assim. E nossa única opção é continuar seguindo em frente, como temos feito.
Eu até podia correr atrás de ti… Podia mandar-te centenas de mensagens, ou ligar-te a cada cinco minutos, não me importava. Mas eu não sou assim. Nunca fui. Tu sabes. 

As vezes penso que, se calhar isso não passa de um desejo estúpido, ou de uma mania dispensável que irrita-te, mas eu gosto quando tu me procuras. Sinto-me bem, Percebes? É como se, pelo menos por alguns minutos, alguém se importasse comigo de uma forma, verdadeira, carinhosa. Ou então, ao receber uma mensagem tua, ou quando te sentavas ao pé de mim na areia, ou então na rua quando passavas por mim, sem que te dissesse algo, quando ligavas, mesmo que eu não te atendesse.. Eram todos sinais de que te importavas comigo, de que querias falar, estar comigo.
Sinto-me como se estivesse desnorteada entre lembranças passageiras num passado obscuro. O meu coração vaga entre as ruas de tristeza e solidão. E agora, um fantasma é que controla a minha mente, ele sabe de todos os meus passos e está sempre por perto.
Confesso que quando te afastas, sinto imenso a tua falta. A tua presença causa-me calafrios. Os teus beijos fazem-me ter a certeza de que és tu quem eu quero.
Não espero mesmo que tu percebas isso, nem ninguém. É apenas um desabafo.
E sinceramente, já não espero mais que tu me procures. Não quero. Talvez seja por aquilo que se passou ontem na praia, ou então por hoje, a nossa conversa. Foram atitudes que sinceramente, não esperava. 
Esse meu feitio impulsivo e compulsivo parece não caber dentro de mim em alguns momentos. São tantos sentimentos, lembranças, desejos e amarguras, que sinto-me como uma bomba nuclear, acoplada à um cronômetro decrescente prestes a chegar ao zero. 
O meu medo? É de que essa explosão aconteça num momento errado, bastante errado até. E magoe pessoas com as quais eu importo-me realmente.